A nova classe trabalhadora vai ao Ensino Superior: um estudo das práticas didático-pedagógicas em licenciaturas de EF do setor privado no Espírito Santo

Nome: ALESSANDRA GALVE GEREZ
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 28/02/2019

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
FERNANDO JAIME GONZÁLEZ Examinador Externo
IVAN MARCELO GOMES Examinador Interno
MARCOS GARCIA NEIRA Examinador Externo
VALTER BRACHT Orientador
ZENÓLIA CHRISTINA CAMPOS FIGUEIREDO Examinador Interno

Resumo: A pedagogia universitária é um campo que tem intensificado, nas duas últimas décadas, as reflexões e críticas sobre as bases político-epistemológicas que fundamentam as práticas docentes ensino superior, consideradas ainda bastante tradicionais e elitistas. No campo da Educação Física (EF) há uma carência de estudos que se debrucem sobre a docência universitária. Estas reflexões tornam-se ainda mais urgentes no contexto atual de ampliação do acesso ao ensino superior, que permitiu a entrada de estudantes da “nova classe trabalhadora”, com experiências sociais e identidades diferentes do ideal de aluno que as práticas universitárias tendem a valorizar. Sabe-se que o avanço do ensino superior no Brasil se deu, predominantemente, pelo setor privado, inclusive o de caráter mercantil, que ao tratar a formação superior como um bem privado e lucrativo, aprofunda a precariedade do trabalho docente, o que dificulta o investimento em novas experiências curriculares e pedagógicas tão necessárias para atender com qualidade a formação desses estudantes. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi compreender o panorama da privatização dos cursos de licenciatura em EF no Estado do Espírito Santo, bem como o cotidiano das práticas didático-pedagógicas dos docentes que atuam nas instituições de ensino superior privadas (IESs), que são os espaços que mais atendem os estudantes de origem popular. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, dividida em duas etapas: na primeira, foi realizada uma pesquisa documental tendo como fonte os sítios do INEP e MEC, que disponibilizam as informações do Censo de Ensino Superior no Brasil e os relatórios do ENADE, que informam o perfil social e econômico dos estudantes que frequentam os cursos de licenciatura em EF no Estado do Espírito Santo. Na segunda etapa da pesquisa, que consistiu em compreender o cotidiano das práticas didático-pedagógicas de cursos de licenciatura em EF do setor privado, foram entrevistados 21 (vinte e um) docentes de cursos de licenciatura em EF das regiões da Grande Vitória e interior do Estado. Todas as informações foram interpretadas à luz da Teoria Praxiológica de Pierre Bourdieu e das contribuições críticas de Bernard Lahire. Os resultados evidenciaram que 96% dos cursos de licenciatura em EF oferecidos em todo Estado estão na rede privada, além de uma clara desigualdade de acesso entre capital e interior. O perfil dos estudantes que frequentam estes cursos é predominantemente de trabalhadores, com renda de até 6 (seis) salários mínimos, provenientes das escolas públicas e filhos(as) de pais e mães com baixa e média escolaridade. O relato dos docentes permitiu captar que o seu trabalho é realizado, na maioria das vezes, num contexto de precariedade, materializada em um regime de trabalho horista, com grande quantidade de disciplinas, pressões do ENADE e de falta de autonomia pedagógica, situações que se tornam mais dramáticas nas instituições com caráter mercantil. Quanto ao cotidiano de sala de aula, relatam que lidam com estudantes com muitas dificuldades de leitura, escrita e organização da rotina de estudos. Suas identidades docentes são bastante heterogêneas, tanto no que se refere às concepções que possuem sobre a EF e os objetivos da formação superior, quanto em seus modos de ver e enfrentar a precariedade do sistema. Quanto às práticas didático-pedagógicas, ainda que relatem estratégias de ação que visam romper com as práticas tradicionais de ensino, predomina a concepção dicotômica entre teoria e prática, bem como práticas reprodutoras do habitus professoral tradicional que mantêm relações de dominação social.

Palavras-chave: Pedagogia Universitária, Educação Física, Formação de Professores Privatização.

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